Não é sobre um garoto

sábado, 5 de novembro de 2011 0 comentários


Três anos. Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo, mesmo que isto venha martelando na minha cabeça quase todos os dias: eu sinto falta de vocês. Mas deixando bem claro inicialmente, que eu não me arrependo de nada, que eu fiz a escolha certa quando resolvi mudar de escola, porque lá eu conheci pessoas maravilhosas, que merecem um post feito com tanta emoção quanto este.
Mas hoje é sobre vocês.
Me lembro do dia ensolarado que nós brincávamos com pedras na nossa rua e uma mulher desconhecida nos parou e disse que nossa felicidade daria um vídeo perfeito. Foi algo tão simples, mas que hoje eu lembro com um certo orgulho.
Não me lembro ao certo como nós começamos a nos falar, quando nós unimos nossas quatro forças, porque nós nem éramos da mesma sala, nós nem tínhamos os mesmos amigos. Mas foi assim, dia após dia que nós percebemos o quanto nós éramos parecidas e o quanto nós nos ajudávamos. Aquele abraço, quando nós quase choramos de alegria, selou de vez a nossa amizade. Naquele momento eu quis ter vocês como irmãs e foi isso que nós nos tornamos.
Eu lembro de quando nós comemorávamos com um grito... e não era um simples grito para chamar atenção, era um grito que colocava pra fora tudo que nós sentíamos, o que quase sempre era alegria. Nós nunca tivemos um dia ruim. Até mesmo os momentos mais amargos daquele ano, nós enfrentávamos com um sorriso no rosto. Um sorriso sincero. Não havia mal humor, não havia cara feia.
Foi com vocês que eu passei os melhores dias da minha vida. Foi com vocês que eu compartilhei a alegria de dar o meu primeiro beijo; o primeiro beijo em alguém que eu amava. Foi com vocês que eu aprendi que amigos de escola não precisam ser necessariamente da mesma sala. Foi pra vocês que eu liguei desesperada pela primeira vez e recebi as melhores palavras que alguém pode receber em um momento ruim. Nossa saídas da escola eram as mais perfeitas, porque nós nunca íamos pra casa. Natal, Reveillon... nos tornamos tão próximas que sentimos a necessidade de passar essas duas datas juntas. Éramos praticamente uma família. E eu poderia passar dias aqui falando todas as coisas maravilhosas que nós passamos juntas, porque definitivamente, foram milhares de momentos. Nossos momentos. Vocês se lembram de tudo isto?
Vocês foram as pessoas que mudaram o meu ser, que me fizeram uma pessoa melhor. Até então a frieza me perseguia; eu nunca tinha confiado de verdade em ninguém, até vocês surgirem. Quantas vezes eu defendi vocês, quantas vezes vocês me defenderam. Nós corríamos riscos só pra ficarmos juntas. Foram vocês que me fizeram acreditar que é possível ter amigos, longe de inveja, de interesses, de maldade. Hoje eu carrego um pouco de vocês. Até no meu jeito de agir, às vezes, eu percebo que há um pouco de cada uma. Ao tomar decisões eu penso: "o que elas fariam no meu lugar?", porque com vocês eu sempre tomava as decisões certas. Não vou falar eu amo vocês, porque porra, nesta frase não cabe todo o sentimento que existe dentro de mim.
Amizades puras, uma irmandade. Eu não lembro de nenhum momento ruim com vocês, de nenhuma mágoa, porque simplesmente não houve. Maldito tempo que nos separou. Escolhas que nos afastaram, em pró do nosso futuro. Não me arrependo, mas de vez em quando machuca. Eu queria vocês de volta na minha vida, juntas como antes, pra voltar a sentir aquela sensação de felicidade pura e total que há muito eu não sinto. Aquela felicidade que não dependia de notas boas, que não dependia de garotos. Queria ter aqueles abraços de volta, aquelas palavras de conforto, aquelas risadas, aquelas conversas mais sinceras. Pensei que um dia eu iria rir do dia que me tranquei no quarto e chorei de saudades e raiva por sentir tanta falta de vocês, mas o tempo passou e sinceramente, às vezes eu sinto a necessidade de chorar de novo. E droga, pelo mesmo motivo.
Todo este tempo depois, pensei que apenas uma amizade havia prevalecido, até que há duas semanas, encontrei uma de vocês. Aquele grito, aquele abraço. De longe eu vi aquele cabelo marcante e eu gritei, tão espontâneo: é ela! Então caminhei no meio daquelas pessoas até tocar no seu ombro e ver nos seus olhos que ela sentiu a mesma coisa que eu ao me ver. Todo o nervoso que eu sentia, desapareceu. Nós caminhamos juntas, até a minha sala e de uma maneira estranha e ridícula, aquilo significou muito. E quando ela disse que me poderia me esperar até o final, mesmo que eu demorasse, eu sinceramente fiquei incrédula: o mesmo tempo que nos separou, conservou a nossa amizade.
Não que eu não seja feliz agora, não que eu não conheça pessoas maravilhosas, porque eu tenho boas pessoas comigo e as amo... sim, eu sou feliz, mas apenas não consigo lembrar e não sentir vontade de viver tudo aquilo de novo, porque vocês foram as melhores pessoas que eu conheci na minha vida.

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